Olho Mágico: Da criação ao lançamento e os devaneios do autor

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Depois de tanto tempo, o primeiro de muitos finalmente dá as caras ao mundo. Os Contos Sem Era Uma Vez: Olho Mágico não é só um livro. É um parto. Um daqueles demorados, que passam dos nove meses, viram anos, amadurecem junto com o autor e só nascem quando estão prontos. Ou quando o autor resolve que estão prontos — o que, convenhamos, nem sempre acontece ao mesmo tempo.

O nascimento de Olho Mágico.

A verdade é que minha primeira tentativa de escrever algo longo não foi Olho Mágico. Ele nasceu de restos nobres: ideias abandonadas de projetos antigos, personagens que não se encaixaram, histórias que ficaram sem lar… Quem escreve, sabe. Você acaba com um monte de ideias boas, mas que simplesmente não cabem onde você queria. Elas ficam ali, num cantinho da mente — ou num caderno velho — esperando sua vez. E um dia, elas decidem que essa vez chegou.

Lá pelos meados de 2003… ou seria 2004? Quando escrevi a primeira versão de Olho Mágico, eu escrevia muito. Mas escrevia para mim. Nunca mostrei. Não queria que ninguém lesse. Por quê? Não sei ao certo. Síndrome do impostor? Vergonha? Não, não eram emoções… Medo de ter colocado uma vírgula fora do lugar? Talvez. Mas também, na real, acho que eu só não via motivo. Eu só queria escrever. E escrevia. Muito. Todo dia? Não. Mas sempre que a inspiração batia, surgia um personagem. Às vezes com um rabisco, às vezes com uma história. E, geralmente, os dois.

Por quê? Outra pergunta difícil. Talvez vários psicólogos pudessem responder (por um bom preço). Mas eu não ligava. Só fazia. Ninguém ia ler mesmo. Era um hobby secreto e necessário. Meu jeito de organizar o caos interno. De liberar espaço na cabeça para as próximas maluquices criativas. Porque, olha… minha cabeça é grande. Cabe coisa demais.

Quando comecei a cogitar mostrar o que escrevia, foi porque percebi que, embora ninguém tivesse lido nada, eu falava sobre tudo. Muito. Eu sempre falo muito. Alguns amigos se interessavam, mas poucos chegaram a ler. Dava — e ainda dá — pra contar nos dedos. E tá tudo bem. Nunca escrevi para ser lido. Escrevi para respirar.

Naquela época, eu trabalhava em banco. Saía cedo, ia para um shopping da cidade, sentava na cafeteria, pedia um cappuccino no copo descartável (porque a xícara queimava as costas do meu dedo indicador) e escrevia à mão num caderno, até doer a mão ou esvaziar a mente. Depois, em casa, digitava, corrigia, reescrevia. E assim nasceu Olho Mágico e outros três livros.

Sim. Três livros.

Onde estão? No meu Google Drive. E nos cadernos que ainda tenho guardados. Juro que não sou acumulador. Só guardo o que me lembra de onde vim.

Desde então, muita coisa aconteceu. Muitos “eus” diferentes surgiram e se despediram ao longo do caminho. Vieram mudanças, lugares novos, mais livros… sonhos que mudaram de roupa… e cá estou. Às vezes me pego pensando no Victor daquela época — o cara que só queria uma mesa digitalizadora pros seus desenhos e um livro publicado (mas que, contraditoriamente, morria de medo de ser lido). Acho que ele estaria orgulhoso. Porque hoje tenho os dois. Mas, mais que isso, tenho consciência de que nada disso se resume a conquistas. É sobre o caminho.

Ouça o bate-papo sobre Olho Mágico com o pessoal do Geek Multimidia.

Leia o Artigo Completo:

Olho Mágico é, de fato, o meu primeiro grande passo para o mundo editorial. Já participei de coletâneas antes, sim, mas publicar algo que é 100% meu, que veio da minha cabeça, coração, caos e paciência… é outra coisa. Esse livro foi pensado, repensado, escrito, reescrito, descartado, ressuscitado. Um projeto pessoal que sobreviveu ao tempo, às dúvidas, às mudanças e ao perfeccionismo.

Porque sim, eu sempre acho que dá pra melhorar. Sempre. Porque a gente nunca é igual por muito tempo. Mas chega uma hora em que é preciso encerrar um ciclo. Aceitar que aquilo que você escreveu, naquele momento, já é bonito do jeito que é. E que só deixando ele ir é que você consegue olhar pra trás com carinho — e não só com crítica.

Então sim: este artigo é sobre o lançamento de Olho Mágico. Mas também é sobre tudo o que sobrou depois que o livro finalmente ficou pronto. Sobre o processo invisível que todo livro sofre — e que não dá pra explicar. Mas que, se você já passou por algo parecido, talvez entenda.

Se você já leu, vai pegar melhor o contexto do que eu tô falando aqui. Mas, se ainda não conhece, fica o convite: Os Contos Sem Era Uma Vez: Olho Mágico.

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